9 de fevereiro de 2006

O oásis imaginado

dentro de mim... estás dentro de mim

Conheço uma pessoa que diz, à boca cheia, que as nossas namoradas não nos bastam para sermos felizes - podem até ser fantásticas, mas temos a cabeça povoada de mulheres impossíveis. Temos a cabeça habitada por sonhos de grandeza.

Acho que o problema é mesmo esse: queremos sempre algo que não podemos (julgamos não poder) ter. Seja um emprego, uma viagem... uma amante, queremos sempre o que nos parece distante - o projecto mais aliciante e criativo, percorrer o Tibete a pé... o amor que somente existe em technicolor. A nossa vidinha de todos os dias assume-se como realmente pouco. A vida dos outros que estão ao nosso lado também não se assemelha melhor. A vida (imaginada?) de alguém que não conhecemos - mas de que ouvimos falar - é justamente do que precisamos: ausência de rotina e aventura pela certa.

Busco bem dentro do meu corpo a raiz deste querer. Penso em tantas coisas que já desejei ter - tantas coisas que já cobicei - tantas pessoas que já amei à distância. E o meu corpo transforma-se em mapa das estradas. Caminhos, encruzilhadas, tunéis e pontes. Tantos percursos que já imaginei para mim, que já imaginei para os outros (tantos outros). Já estive em todo o lado, já fiz de tudo... já fui amante de tantas mulheres. Em pensamento. Afinal, ainda fui tão pouco, voei tão pouco... amei imensamente pouco. São tantas as estradas por acabar - a algumas irei retornar, tentar construir um destino; outras, são agora caminhos para lado nenhum, becos que nunca terão saída.

Que fazer, então? Como buscar esses "oásis", tão perfeitos quanto aparentemente inalcançáveis? Como tirar de dentro de nós esses sonhos, esses desejos - transformá-lo em matéria, carne, conclusão? Respostas precisam-se... perguntas idem.

R.

7 comentários:

polegar disse...

percebo o que dizes mas não tenho respostas. talvez porque seja tão genuinamente crédula e inocente que acredite que um amor nos surge que nos marca e vive em nós para sempre. que existe um para sempre, até velhinhos. daqueles como nos filmes, que se mantêm à base de quereres e de carinho, em vez de teimosia e "princípios morais"...
mas percebo o desejo do desafio. no entanto, questiono-me se às vezes os maiores desafios não estarão bem perto, debaixo do nosso nariz... a beleza, o sexo, a aventura... ah, os homens... ;)

Anónimo disse...

eu... precisava ler-te

angel_of _dust disse...

polegar: não duvido desse tipo de amor que defines... mas como reconheces? pelo toque, pelo cheiro... pelo gosto? e, realmente, os maiores desafios encontram-se, na maior parte das vezes, debaixo dos nosso narizes mas nem os vemos :)

... essa do "ai os homens" é que levo a mal (LOL) - seremos só nós os insatisfeitos, os que querem sempre mais? não creio...

mel: serei sempre um livro aberto para ti

polegar disse...

como reconhecer... hmmm... pelo arrepio na nuca. pelo encaixe da mão quando se tocam. pela existência sorriso apesar de passar o tempo e as chatices. pelas lágrimas emocionadas com um tique que nos enternece... por aí...

quanto à outra parte... falava no geral sem querer ofender ninguém, porque no fundo somos todos diferentes... mas sabemos da propensão masculina para um bom decote, como da propensão feminina para as rimas lamechas e as velas e as rosas vermelhas ;)

angel_of _dust disse...

...pelo olhar que fala sem dizer uma única palavra, pelo vento que bate e esvoaça o cabelo, eplo assobio numa noite chuvosa de inverno - sim, talvez seja isso :)

ah, a propósito: eu também gosto de rosas vermelhas e velas - as rimas lamechas é que realmente não me convencem.

polegar disse...

ehehehe toma lá uma que passou de conversa de amigos a frase eternizada num espectáculo:
(começar convicto, acabar em tom desorientado)
"és tão bonita
cheiras a hortelã
gosto tanto de ti
hã"

angel_of _dust disse...

queres outras? LOL

«o amor é como uma rosa; o pior são os espinhos»
«o amor está sempre à nossa frente - principalmente quando te dá uma chapada»