Mesmo que o percurso que definimos ou aceitámos como nosso seja o que sonhámos, há alturas em que pensamos se não seria melhor fazer reset, começar de novo: fazer outra coisa, noutro lugar, com outras pessoas. Nem sempre o espectáculo para qual comprámos um bilhete acaba por ser do nosso agrado. Se calhar as personagens pareciam bem mais interessantes no texto. Na maior parte das vezes, o enredo acaba por não corresponder à nossa vontade e gora todas as nossas expectativas num final feliz(?).
Hoje é decididamente um desses dias. Antecipo já uma tempestade que se irá abater sobre a minha cabeça, logo agora que guardei o guarda-chuva e tinha comprado uns novos óculos escuros. As tábuas de um palco que iria tomar como meu desaparecem agora debaixo dos meus pés, atirando-me para um sub-palco empoeirado e abandonado. Bem sei que tenho a capacidade de galgar novamente à superfície (sempre tive), mas achava que os meus dias de "trepador" sem cabo de segurança tinham já cessado... afinal, o que tive foi uma pausa para café numa qualquer tasca de beira-de-estrada. E agora, café com adoçante bebido, volto a calçar as botas de montanha e inspiro profundamente - vem aí trabalho árduo pela frente.
As minhas asas, embora de um vermelho vivo, não têm energia para esta subida. Desta vez, terei de confiar nas pernas que me desabituara a utilizar. O problema de dias solarengos é esse: perdemos a rotina de adivinhar as chuvadas vindouras. Hoje, aqui e agora o anjo cerra fileiras, e aguarda pela derrocada. Realmente, há dias em que não devíamos sair da cama.
R.
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