18 de outubro de 2006

Porque não me ligas?

Eu tento, juro que tento. Ofereço-te flores, tu aceitas - mas para logo te esqueceres delas num qualquer banco de jardim. Compro-te doces. Não gostas com licor, só dos simples. Compro-te dos simples - são bonzinhos, dizes tu. Jóias não posso dar-te, lamento mas não posso. Será por isso que não me ligas nada?

Estou sempre a elogiar-te o sorriso - que, diga-se, realmente é de tirar a respiração a qualquer um. Não há vez em que nos vejamos que eu não gabe os teus olhos, a tua boca, as tuas palavras com sabor a mel. E tu insistes numa indiferença propositada, que tem como único objectivo (acredito eu) aguçares o meu ensejo - provocares em mim uma inevitável busca do teu afecto. E eu busco. Busco e continuarei a buscar enquanto não me aceitares ou rejeitares definitivamente. Enquanto o teu sim ou não representarem "apenas" provocações a este pobre anjo que te oferece continuamente as suas asas. Enquanto eu souber que ainda tudo é possível, continuarei a recorrer a todas as armas ao meu dispor.

Sei que te pareço ridículo. Decerto que a todos os que nos prestarem atenção parecerá que gozas com a minha devoção, com o meu afecto - lealdade por um amo que nem reclama a sua posse. Muitos afirmarão que nem és nada de especial; mas o que faz de alguém especial se não os olhos de quem ama? E se és "normal", és a minha normal. Se és banal e vulgar, então quero poder usufruir da tua presença todos os dias. Quero endeusar todos os aspectos corriqueiros que exibes com a preciosidade que só tu consegues alcançar. Quero desprezar a rotina que te caracteriza, mas a teu lado.

E agora, que já me humilhei perante todos, dá-me uma hipótese. Finge, nem que seja por um momento, gostar dos chocolates que te compro. Sorri perante as flores que te ofereço. Usa os anéis de imitação, únicos posso pagar. Ama-me como uma mulher "normal". É tudo o que te peço.

R.

2 comentários:

luis mendes disse...

Os dias ganham, cada vez mais, uma poeira miudinha que se nos entrenha nas roupas...

A cada linha que desvendas, ganha corpo uma história maior do que todas as outras que tens encenado...

E se todas as pontas soltas fizessem parte de um todo que é mais global?

Pensa nisso...

angel_of _dust disse...

big-brother: quem sabe... afinal, é bem mais fácil acreditar em anjos nas tábuas de um palco que nas tábuas dos dias empoeirados ;)