25 de dezembro de 2006

Em busca do ouro - parte um

::: ver todas as buscas :::

Busco o ouro... não um qualquer, quero uma pepita resplandescente. Busco um texto, uma ideia, até uma frase que inspire. Nunca este anjo teve a capacidade de construir a partir das escolhas dos outros. Daí que sempre que a necessidade de transpirar me surge, também as ânsias acompanham, porque preciso de encontrar respostas sozinho.

Por estas noites, vários fantasmas lutam por conseguir esse lugar de destaque dourado. Três mulheres e uma dor comum - uma cabine e vários anjos - as memórias de um ideal perdido - um corpo e uma alma em metamorfose - os últimos suspiros de um poeta - ... Todos eles, a espaços, ganham força, remetendo os restantes para um armário; armário que eu próprio criei, arrumando aí todas as naus que estão ancoradas na minha criatividade. Mas a verdade é que amo todos estes fantasmas, e por isso sinto pena de deixar algum para trás. É certo que possam pô-los em mera hibernação, esperando o dia em que o sol os leva à ribalta. Mas não consigo decidir... e tenho pressa de o fazer.

Ponto 1. Apetece-me falar da dor, da perda de alguém que se ama. Quero - preciso? - de fechar o palco sobre o sentimento, sobre a ausência e as memórias de algo que já não voltará. Como sobreviver quando aquilo que nos sustentava desaparece definitivamente? Como superar a consciência de que aqueles que amamos um dia não passarão de nomes perdidos em genealogias e memórias difusas - não serão mais carne, mais alma, mais amor e emoção? Como encarar que nem o amor salva da doença, da oportunidade fatal... do destino? Três mulheres e uma dor comum - e eu de fora, a observar.

Uhhmm, acho que hoje definitivamente apetece-me avançar com esta ideia. Amanhã, quem sabe...

R.

2 comentários:

Sandra Pereira disse...

"Como superar a consciência de que aqueles que amamos um dia não passarão de nomes perdidos em genealogias e memórias difusas - não serão mais carne, mais alma, mais amor e emoção?"

Ás vezes não se supera, só o tempo as faz ficr mais ténues nas nossas lembranças. Mas creio que o mais difícil é NÓS querermos que elas se apaguem... Não creio que seja dfícil esquecer mas sim querermos esquecer. Justamente pela defiição que lhes deste: mais carne, mais alma....Mais amor e emoção! Não queremos perder isso. Quanto muito que não seja em memória!

(já agora obrigada por colocares um link ao meu blog - largo da poesia- apreciei esse gesto:)

angel_of _dust disse...

sim, acho que tens razão sassita.
o dificil é conseguirmos "largar" essa pessoa que amámos (amamos), e seguirmos ambos viagem. dificil é conseguirmos colocar essa pessoa na lista dos entes queridos, e "tirá-la" dos companheiros rotineiros - embora, de certa forma, a sua memória se institua como parte da nossa própria memória.

tenho pensado muito nisto. se calhar, com a desculpa de procurar uma ideia que me cative o suficiente para a colocar em palco, estou a passar por um processo de exorcismo. a ver vamos no que dá...

finalmente, quanto ao link: gostei, por isso recomendo ;)