19 de novembro de 2008

Curtas palavras para uma falta

Agora os dias são mais longos. Custam mais a passar. Habituei-me à tua presença. Desse lado ou aqui mesmo, junto a mim. Mas habituei-me a estares por perto. A sentir-te perto. A saber quando chegavas. A olhar para o relógio e contar os minutos que faltavam. E à hora marcada chegavas. Agora há uma sensação estranha. De não estares. Nem aqui - nem desse lado. De não vires. Nem à hora que sempre esteve marcada - intuida. Nem antes. Nem depois. As horas vão passando. Sem um aparente sentido. Apenas o corrente vaguear das rotinas e obrigações. A pendular sonolência que me transporta. Que me transportava. E que tu vieste interromper. O regresso é difícil - provei o fruto querido e agora não me apetece largar. Não em consigo concentrar. Nem escrever. Nem sequer pensar. Mesmo estas palavras rabiscadas no meu caderno preto saem a custo. Parecem não querer agarrar a uma folha que anseia por gravar a minha estória - a que, por momentos, foi a nossa estória. E as poucas palavras que ficam presas são por mera necessidade. De refilar. Comigo? Contigo? De afirmar a minha incapacidade de aceitar que não estejas aqui.

Sim, eu sei. Não tens culpa. Nem eu - penso. Mas que queres? Fazes-me falta. Novamente. Ainda. Sempre. (para sempre?).

R.

2 comentários:

M disse...

aprende-se a viver com a falta...se se vive bem, é outra cumbersa...

bj meu

c. disse...

...e apenas com um olhar toda a falta desaparece. no coração surge uma inquietação, uma urgência, um desejo. do abraço nasce uma ilha, isolada no meio da cidade vazia.
e desenha-se nos rostos um sorriso que nem o frio gelado do Inverno consegue apagar :$