8 de fevereiro de 2009

O chato é...

O chato é esta apatia. Esta vontade de estar parado. De não fazer nada. De útil. Ou não fazer nada. De todo. Estar aqui sem estar. Fazer corpo presente. Mas alma ausente. Ter conversas que não me interessam. Parecendo implicado. E não é por falta de vontade de participar. Não, não julguem isso. É mesmo por incapacidade de me mexer. De agir. De alterar o meu progresso. Se quiserem, até lhe podem chamar destino. Mas o certo que, por vezes, fico assim. Apático. Sem vontade de lutar pelo que quero. Ou refutar o que não me agrada. Fico assim... apático.

O chato é esta ansiedade. Querer sempre mais. Nunca me contentar. Achar sempre pouco o que tenho. E, assim, nunca estar verdadeiramente contente. Antes, ficar contentado. Mas que é pouco. Muito pouco. E aguardar o que aí vem com um nervoso miudinho que só aflige. E que me impede de gozar em pleno a antecipação do que se segue. Porque temo sempre o pior. Que nao aconteça. Que não seja da forma como esperei. Ou que eu não saiba estar à altura. Que falhe. E, por isso, fico ansioso. Nervoso (?) Sem saber o que fazer. Se hei-de avançar perante a oportunidade. Ou recuar perante a incerteza. Ou simplesmente deixar-me estar. À espera. Do que vier. Deixar-me estar...

O chato é esta incapacidade de não pensar. De não ponderar tudo até à última instância. De achar sempre que devo reflectir mais um pouco. Sim, mesmo que não pareça, eu penso muito. Demasiado (?) Demasiado(!) E nem sempre - poucas vezes - quase nunca - chego a uma conclusão. Ou, pelo menos, raramente chego a uma conclusão que me agrade. Anseio, exaspero, desespero por algo que não tenho coragem de pedir. De exigir. Acabo por racionalizar as emoções. Catalogá-las. Transformá-las em opções que vou tomando. Mas nao aceitando. Sem sequer me aperceber que, assim, estou a perder o que de mais importante há. O inesperado. O surpreender-me com o que me surge pela frente. As coisas. As pessoas. As estórias, memórias e projectos. As emoções.

O chato é... ser eu. O chato é este anjo ter estas asas vermelhas. Que mesmo fechadas ocupam espaço. E este corpo desajeitado. Que outrora foi extremamente magro. E agora, nem por isso. A barba por fazer. O chato é estes olhos verdes atrairem quem não devem. Apesar das olheiras. Sobretudo devido às olheiras. Que dizem muito. O chato é estas palavras cativarem quem eu quero. Mas que não devo. Não quero. Não devo. Não quero...? O chato é ser quem eu sou. E não um outro qualquer. Que não se importa. Que não pensa. Não se deixa estar. E arrisca. E vive?

R.

1 comentário:

M disse...

n te posso ajudar...tb sou/estou chata...

bj meu