9 de fevereiro de 2010

Um pouco mais de negro

Há noites assim. Em que, sem razão aparente, nos sentimos a nadar no fundo do aquário. Nada de mal nos aconteceu - nenhuma ferida nova - nenhum medo (re)descoberto - nenhuma sensação de abandono diferente da habitual. Mas há noites assim. Em que um interruptor se liga dentro de nós. E chamas vão implodindo o nosso corpo. Destruindo as defesas que a muito custo vamos erguendo e reparando. Há noites em que vai surgindo um buraco negro - preenchendo e sugando o coração. Noites de chuva e de vento lá fora. Noites de tempestade cá dentro - dentro de nós. Em que nenhum silêncio é suficiente para explicar o que sentimos. Porque nem nós mesmo sabemos. A razão. A causa. A solução. E assim vamos ficando - aqui - isolados - num estado e sentido que não compreendemos. Mas que já nos habituámos a aceitar. Porque é nosso. Sempre o foi. Sempre será (?). Noites em que as asas vermelhas - que enchem o quarto na penumbra - se vão deixando submergir por laivos de negro e cinza. Relembrando tempos de incerteza aos quais não queremos voltar. Mas de que nunca conseguimos realmente sair em definitivo. Incólumes. Inteiros.



Thought you had
all the answers
to rest your heart upon.
But something happens,
don't see it coming, now
you can't stop yourself.
Now you're out there swimming...
In the deep.
In the deep.

Life keeps tumbling your heart in circles
till you... Let go.
Till you shed your pride, and you climb to heaven,
and you throw yourself off.
Now you're out there spinning...
In the deep.
In the deep.
In the deep.
In the deep.

And now you're out there spinning...
And now you're out there spinning...
In the deep.
In the deep.
In the deep.

Life keeps tumbling your heart in circles
till you... Let go.
Till you shed your pride, and you climb to heaven,
and you throw yourself off.
Now you're out there spinning...
In the deep.
In the deep.
In the deep.
In the deep...

R.

2 comentários:

M disse...

e por vezes essas noites duram meses [e anos]...

angel_of _dust disse...

... e por vezes, escondemos as noites - essas noites - por baixo da capa de dias rotineiros. em que tudo corre bem. em que tudo aparenta estar correcto. e o buraco vai abrindo. a ferida sangrando. e nós aqui. impotentes. por opção - ou incapacidade...

... para quando arriscarmos fazer ou dizer o que nos apetece? viver o impossivel, nem que seja por uma noite? sem ninguém saber...