12 de novembro de 2013

Agora vem o silêncio.

Agora vem o silêncio. Os longos minutos, horas e dias - que parecem anos e séculos - em que nada sabemos um do outro. E que parece estranho. Depois de muito se ter dito. De se ter cultivado um elo inquebrável (ou assim julgávamos) sustentado em estórias de ilhas encantadas por palavras e regadas por carinhos jurados com a emoção. Mas o tempo foi passando. E, agora, parece que esgotámos as metáforas, as analogias, as invenções - parece que o espaço para as ilusões e os lirismos terminou. Um manual de como inventar um amor foi lido e copiado. Para nós foi o descobrir de algo inesperado e nunca previsto. Mas que nunca foi (realmente) posto em prática. Nunca aguentou a fotrça dos ventos que chegavam de fora. Talvez por ter defesa difícil - porque assim fomos aceitando: quase secreto, escondido de tudo e de todos. E porque sempre foi diferente. Sem nome que o definisse. Sem rotina que o prendesse. E, talvez, sem corpo que o permitisse florescer e aqui ficar.

Quanto tempo passou? Uma eternidade talvez... Mas quase sinto como se não tivesse havido um antes. Um antes de ti - de nós - da nossa estória - das palavras que valeram por todos os outros sentidos. E, por isso, é(-me) pesado o depois. Depois de te ter conhecido - não saber o teu nome e a tua rotina... mas saber-te por dentro e lá habitar, nem que fosse por instantes. Sabes... sinto-me mais velho. E cansado. Como outrora me havias feito sentir como se renascesse das areias da praia - talvez o único lirismo que ainda consegue penetrar no meu cansaço - agora a tua falta pesa-me nas costas e no coração. Já não sou o mesmo. E o retorno ao caminho antes traçado é impossível.

Agora vem o silêncio. Da espera, da hesitação, da decisão... ou do fim. Da incerteza do caminho. A escolher ou aceitar.

Aqui fico. Ou parto.
R.

2 comentários:

c. disse...


agora vem o tempo da espera. do sonho. da ilusão. das noites perdidas e pensar no e se. a lamentar a falta de coragem. a percorrer as marcas deixadas na pele. na certeza de que
quando as mãos se encontrarem, e os olhos de um cegarem no fundo dos olhos do outro - recomeçaremos tudo (outra vez).

***

angel_of _dust disse...

sim... parece que há sempre um espaço-por-cumprir, um tempo-por-completar que se mantém em aberto. como se a ilha não se tivesse afundado - e sim, apenas escondida por detrás da bruma. e, se assim for, bastará (re-)lançar as velas ao vento e navegar. com mapas antigos, mas guiados por experiências novas, vontades de sempre... amores guardados.

bastará querer(?).