26 de janeiro de 2006

(Ainda) espero por ti

Hoje sento-me em frente ao monitor, e espero por ti. Mas tu não vieste, nem na hora marcada nem muito tempo depois… Estranhamente, isso faz-me mal: senti a tua falta.


Conhecer-te… não será apenas dar sangue, imagem, cor ao que a imaginação já houvera "criado" em mim? Quando esbarramos com alguém neste mar de zeros e uns transformados em anseios, em sonhos ou apenas em fugas ao tédio, que esperamos? Quem esperamos?


No momento em que, pela primeira vez, os olhos se cruzam através de um teclado estamos de longe de saber – ou de querer saber – se do outro lado um espelho reflecte as nossas vontades… as nossas necessidades. Por vezes, procuramos um antídoto para uma insónia que teima em persistir… por vezes, um silêncio que não desaparece… ou uma solidão demasiado ruidosa.


De um simples olá surge então algo que muitos crêem ser fictício, até estranho – enganador. A nossa mente pode até concordar, querer até concordar. Mas poderá a (falsa?) razão sobrepor-se a uma (mais que verdadeira) emoção, sensação, coração? Será este mar de bits tão diferente de um café, de um teatro, de um bar, restaurante, praia ou escola? Conhecer uma outra pessoa através de um modem é tão diferente de conhecê-la por carta, ou mesmo apresentada por um qualquer amigo? Será que os olhos são mesmo o espelho da alma… ou o importante serão os olhos da alma?


Numa conversa fugaz, os minutos e as horas passam. Uma noite "gasta" falando de tudo e nada. No final, a promessa de um novo encontro, a promessa de uma nova amizade a manter… que, provavelmente, amanhã estará já esquecida. Mas quando não se esquece? Porquê esperar por mais viagens em mar tão nublado, em que o fundo não passa de uma miragem?


E porquê o desânimo de te poder perder… se, ao certo, nem sei se alguma vez te ganhei? A verdade é que sempre fui bem melhor a criar perguntas do que a inventar-lhes as respostas. Por isso, não arranjo nem explicação nem contentamento para o que a tua falta me faz…


Envolto num mar de ideias revoltas,


R.



P.S. para outro anjo caído - pela noite dentro, a "furar" vidas

3 comentários:

polegar disse...

não sei se a autenticidade se mede pela presença ou caligrafia. falo por mim quando digo que sempre fui sincera. virtual ou presencialmente. cada pessoa é diferente, é certo. há muitas máscaras desenhadas, aproveitando-se de um qualquer tipo de anonimato. há também muita franqueza e fragilidade, muito peito aberto... as pessoas são todas diferentes...

verdadeiro, no meio disto tudo, é o vazio de uma ausência. onde quer que tenha sido a presença.

puseste-me, no entanto a pensar...

angel_of _dust disse...

Sabes polegarzinha... verdadeira é a "auto-ausência" - o saberes-te incompleto(a); criares uma imagem, seja dos outros ou mesmo de ti, e teres noção de que essa imagem é unicamente tua.

Gostamos de catalogar tudo e todos em noções fáceis de embalar e consumir... gostamos de nos auto-definir e de definir os outros - sabe-nos bem, é mais fácil.

Depois desta ausência, e de tudo o que se passou na minha mente, aprendi uma coisa: não sou definível, e muito menos os outros. Temos de viver com as cartas que nos são dadas - diariamente. O resto... bem, o resto é pura filosofia de trazer por casa.

polegar disse...

:)