28 de junho de 2007

Quando foi?

(resposta ao post lembras-te de mim?)

Sabes... é que um dia tudo o que parecia essencial se tornou supérfluo. Não podíamos viver sem exigir - mas, agora, sabe melhor esperar que aconteça... um dia. Os ideais de liberdade e revolução deram lugar à noção tão cómoda de «já fiz a minha parte». O fulgor desapareceu. A alma esfriou. A vontade esmoreceu.

Onde nos teremos perdido? Terá sido quando, pela primeira vez, quisemos um carro melhor? Subitamente, o prazer de vaguear pelas ruas deu lugar a uma vontade de chegar rapidamente a todo o lado. Será que desistimos quando aquele que não pedia nada conseguiu tudo? Teremos desistido por inveja? Por cobiça? Ou teremos optado por catalogar todas essas ideias como ímpetos de juventude? Agora, numa idade adulta, obrigamo-nos a achar que depois de lutar devemos reproduzir - não sexo (ao menos fosse isso...), mas sim a ordem e a calma que nos pedem para que tudo funcione "como deve ser".

Sabes... infelizmente, acho que desistimos por comodismo. Puro e simples comodismo. Porque agora o sentido de missão ou o sentimento de pertença daria demasiado trabalho a manter. Porque agora, por mais estranho que possa parecer, já ninguém reconheceria o esforço. Já não seríamos aqueles que traduzem o sentir de muitos - mas será que alguma vez foram assim tantos a sentir?... Será que alguma vez a vontade de mudança prevaleceu sobre a vontade de pacatez? Ou então, se calhar nunca acreditámos realmente que um mundo melhor era (é) possível. Se calhar reivindicar, exigir, proclamar, foram apenas uma forma de dizer ao mundo "estamos vivos". E, se calhar, isso foi suficiente... Mesmo que quase tudo o resto se tenha perdido.

R.

10 comentários:

Raquel Branco (Putty Cat) disse...

"está na hora de fazer a puta da revolução"!!!

(Da Weasel)

angel_of _dust disse...

uhmm, está na hora é de tomarmos uma opção: ou aceitamos o que temos, e deixamos de refilar só de vez em quando... ou definimos um projecto de vida (não de sobrevivência) e arriscamos.

agora escolha :)

Raquel Branco (Putty Cat) disse...

My dear Angel

Está na hora da Revolução interior!
Mudança de atitude:
- perante nós
- perante os outros
- perante a V-I-D-A!!

E eu estou com tantas ganas de me "revoltar" e revirar o meu mundo por inteiro!!!!

Beijo

angel_of _dust disse...

então, juntemo-nos os dois e vamos pr'a frente com isso...

... a liberdade vai passar por aqui! lol

M disse...

e a "revolução" qd se começa a fazer?

bj meu

angel_of _dust disse...

monikyta: breve, breve... mas, a propósito, queres entrar na "revolução" ou não? lol

M disse...

sim - e se quiseres - vou fazer a "tua" revolução, pode ser que me dê força e inspiração para fazer a "minha"...

bj meu

angel_of _dust disse...

monikyta: mais do que chegarmos efectivamente a uma conclusão, a nossa incapacidade é não arriscarmos procurar a resposta. Esperamos sempre que a solução, o "certo" esteja marcado a amarelo... mas, (in)felizmente, Oz não é para estes lados.

P.S: benvinda a bordo... a uma aventura feita de desventuras.

Anónimo disse...

É curioso que fales nisso. Não há explicação para que, com o passar dos anos, as pessoas 'acalmem', abrandem. À medida que o fim da vida se aproxima, deveríamos viver cada segundo sempre com maior intensidade do que o segundo anterior, não é? E contudo, é o contrário que acontece! Como se as pessoas desistissem de fazer a diferença e de fazer valer a pena a vida que tiveram a sorte de agarrar numa lotaria feita de milhões de anos.

angel_of _dust disse...

Mar: a forma como resumiste diz tudo - sim, o grande ponto de interrogação é porque tanta gente deixou de tentar (acreditar?), deixando o seu destino nas mãos de tão poucos.