Massajo-te o corpo e a alma. Massajo-te a pele, os cabelos e as unhas. O espírito e a essência. Massajo a tua nuca descoberta. Por detrás das orelhas. Passo as minhas asas pelas palavras que vais largando, pelos teus sonhos de menina. Acaricio a testa, as pálpebras e os olhos fechados. O nariz suave e a boca entreaberta. Quero massajar o teu interior, descobri-lo com os meus dedos - fazer-lhe festas sem ninguém saber. O pescoço. Quero tê-lo só para mim, nem que seja apenas por momentos. Ajustar as minhas mãos à suavidade das suas formas. E os ombros. Possuir os ombros como quem reclama um território por desbravar. Sentir as tuas memórias. Ouvi-las contar pela milésima vez e surpreender-me sempre. Conhecer a tua vida interior - não as datas e locais, mas os brilhos de olhos e as lágrimas derramadas. Quero massajar suavemente o teu peito. Respeitar a sua doçura, as cores claras. Sei que estou ousando nesta massagem, mas hoje quero servir-te. Tirar prazer dando-te prazer. Quero saber que trouxe aqui, que praias e cidades percorreste. Amaciar-te a barriga e o ventre, planícies onde me perco deliberadamente para me voltar a encontrar... contigo. As coxas, as virilhas. Normalmente escondidas do mundo, estão à minha mercê nesta ilusão de partilha. As minhas mãos percorrem-nas com carinho, desejando eternizar o contacto. Eternizar o momento em que me dás a conhecer o teu corpo, me ensinas a tua voz, me prendes com as tuas asas. Contas-me que outrora outras mãos percorreram o teu corpo, tentando capturá-lo. Mas que nunca te deixaste prender totalmente. Foste-te dando a espaços, mas fugindo sempre a mãos coladas à tua pele. Não te quero prender. Juro. Quero apenas estar aqui contigo, tocando o teu suor com o meu suor. Quero massajar-te o sexo. Sentir que estamos mais próximos do que nunca. Do que alguma vez voltaremos a estar. Por isso, arrisco a ousadia. Que tu não negas. Sentir-te mulher é sentir-me a mim mais homem do que anjo. E às vezes necessito de voltar a chão firme. Quero sentir as dores que te marcam a carne e a alma. Chorar contigo, apenas porque sim. Porque alguma vezes quiseste chorar acompanhada e ninguém estava lá. Eu estou aqui agora - podes chorar. As pernas macias conduzem-me para sonhos por cumprir. E viagens por completar. E, por instantes, prometemos fazê-las juntos. Nem que seja em pensamento. Os joelhos marcam um descanso merecido às minhas mãos. E os tornozelos anunciam a proximidade de um fim. Tenho pena. Passear pelo teu corpo é bom. Sabe bem. Demoro-me nos pés. Em cada dedo - cada falange - cada unha. Quero saborear estes últimso momentos. Quero ver o teu sorriso. Sentir que te fiz bem. E ouvir agora é a tua vez... queres?. Podes crer que sim. Já não penso noutra coisa. Tenho muito corpo para percorreres e muitas estórias para te contar.
R.
6 comentários:
Transformar cada instante, num momento eterno. Que bom que é eternizar instantes divinos em instantes eternos. E cada instante que se eterniza na alma dá-nos força quando mais nada sobra. Guarda-os bem dentro de ti...pode cada um deles ser o ultimo, por isso devemos guardar cada um com o carinho do primeiro.
guardar cada toque, cada sorriso, cada suor, cada palpitação... guardar as pequenas sensações como os verdadeiros tesouros que são - volta sempre A.
...e sentir cada palavra como única, cada som como perfeito, ali, naquele momento. respirar agora mais profundamente, depois de termos deitado cá para fora as nossas mágoas. depois de limparmos as poeiras da alma. registar nos nossos corpos cada sopro, cada arrepio. lembrar cada carícia, cada toque...e saborear ainda na nossa pele o sal de cada lágrima. poder sentir ainda, no nosso corpo, as mãos que nos percorreram. temer secretamente que não se repita, e sonhar timidamente com uma próxima vez, em que invertemos papéis e nos deixamos preencher por novas memórias *
n há melhores massagens q essas...
bj meu
e cada toque é uma experiência única e incomparável.
escreves bem, mesmo muito bem.
"Chorar contigo, apenas porque sim." , bem, esta frase, WOW.
danny: obrigada, e benvinda ao meu pequeno mudo de ilusões por realizar... volta sempre (e já tenho "pululado" pelos teus espaços... voltarei concerteza)
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