aqueles que têm nome e nos telefonam
um dia emagrecem - partem
deixam-nos dobrados ao abandono
no interior duma dor inútil muda
e voraz
arquivámos o amor no abismo do tempo
e para lá da pele negra do desgosto
pressentimos vivo
o passageiro ardente das areias - o viajante
que irradia um cheiro a violetas nocturnas
acendemos então uma labareda nos dedos
acordamos trémulos confusos - a mão queimada
junto ao coração
e mais nada se move na centrifugação
dos segundos - tudo nos falta
nem a vida nem o que dela resta nos consola
e a ausência fulgura na aurora das manhãs
e com o rosto ainda sujo de sono ouvimos
o rumor do corpo a encher-se de mágoa
assim guardamos as nuvens breves os gestos
os invernos o repouso a sonolência
o vento
arrastando para longe as imagens difusas
daqueles que amámos mas não voltaram
a telefonar
Al Berto
P.S. mais um ano se passou. continuo aqui, no mais alto dos edifícios da cidade que nunca dorme. ainda não fui embora... e não sei quando irei.
um dia emagrecem - partem
deixam-nos dobrados ao abandono
no interior duma dor inútil muda
e voraz
arquivámos o amor no abismo do tempo
e para lá da pele negra do desgosto
pressentimos vivo
o passageiro ardente das areias - o viajante
que irradia um cheiro a violetas nocturnas
acendemos então uma labareda nos dedos
acordamos trémulos confusos - a mão queimada
junto ao coração
e mais nada se move na centrifugação
dos segundos - tudo nos falta
nem a vida nem o que dela resta nos consola
e a ausência fulgura na aurora das manhãs
e com o rosto ainda sujo de sono ouvimos
o rumor do corpo a encher-se de mágoa
assim guardamos as nuvens breves os gestos
os invernos o repouso a sonolência
o vento
arrastando para longe as imagens difusas
daqueles que amámos mas não voltaram
a telefonar
Al Berto
P.S. mais um ano se passou. continuo aqui, no mais alto dos edifícios da cidade que nunca dorme. ainda não fui embora... e não sei quando irei.
7 comentários:
Mais um ano, mais um beijo, mais um(ns) voto(s) de muitas felicidades!
:)
É no sossego do topo dos edificios onde se "escondem-se" aqueles que desejam ardentemente sentir e nada podem fazer para o conseguir...
Se isto fizer sentido, eu também lá estou.
Bonito poema, eu gosto do Al Berto
monikyta: mais um ano, mais um (ou mais) beijo(s) - enfim, a vontade de continuar por cá... a ver o que acontece. obrigado ;)
matie: faz-me sempre falta companhia... às vezes, o topo dos edif´cios é muito solitário. por isso, sê benvinda :)
Estou a ver que há mais pessoas aí, onde já quase nada sinto, e quando sinto não sei o quê! É no sossego do topo dos Edifícios que me escondo e tb n sabia!
angel_of_dust - mas não me esqueço nunca de ti. Mesmo quando de quase nada me quero lembrar. aquele abraço.
Aida
aidinha: os abraços sõa significam algo quando são devolvidos - por isso, considera-lo devolvido, com dupla intensidade. ;)
E ainda bem que ficas, pois só agora te descobri. *
bubbles: benvinda sejas... descobriste a tempo - e espero que vás ficando :)
por mim, vou visitar-te.
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